Assédio: Demonstrações de Dominância e Poder Que Devem Ser Combatidas

Esse post é baseado em fatos reais.

Disclaimer: Se tiver algum homem lendo isso, o problema não é o fato de você me olhar, ou me convidar pra sair mas sim COMO vocês fazem isso. É o desrespeito envolvido.
Quem mora, ou quem já veio em BH deve conhecer o famoso Mercado Central. Lá tem de (quase) tudo, de bichinhos sofrendo em gaiolas até gente babaca em bar. Alguns dos bares ficam localizados bem nas inúmeras entradas do Mercado e são bem desagradáveis a meu ver. O cheiro de gordura é horrível, é super abafado e abarrotado de gente, dificultando a entrada e a saída de pessoas.

Enfim. Semana passada eu estava andando no mercado, e eu devo enfatizar que apesar de estar com minha mãe naquele dia, eu parecia estar sozinha, comendo um biscoitinho, quando um cara chama minha atenção pedindo um dos biscoitinhos. Desconfiada, dei um pro moço e antes de virar para seguir meu caminho ele me pergunta: "Que tal uma chopada com uns petiscos?". Sem parar para pensar eu respondi "Não". Virei as costas e segui meu caminho. Não satisfeito ele insiste na chopada. De longe, sinalizo claramente a minha resposta:


Minha mãe ficou 30 minutos falando na minha cabeça sobre como isso é horrível (mandar as pessoas irem tomar no cú com o dedinho), mas vamos combinar né? O cara me vê com uma sacola de compras no ombro e mesmo assim resolve me parar para tomar uma cerveja com ele. Eu calmamente respondo não. Insistiu? Não respeitou o meu não? Você homem, pode ir a merda.

Meninas, moças, mulheres, o relato que foi aqui publicado, serve para ilustrar uma situação clara de assédio e do machismo estrutural ao qual somos submetidas diariamente, onde ao homem é ensinado, dentre outras coisas, desde jovem que não, pode ser um talvez, e à mulher, é ensinada a ceder, mesmo contra sua vontade.

Por muitos anos, durante a minha adolescência, usei apenas calças jeans e blusas folgadas, pois o assédio era tamanho que eu não conseguia andar na rua sem estar constantemente consciente de mim, da minha segurança e dos homens ao meu redor. Isso é uma realidade diária para todas as mulheres, onde somos praticamente prisioneiras e dominadas pelos homens, ao ponto de não conseguirmos transitar livremente, sem preocupações, no espaço público.

Cantadas não são elogios. Nós não nos sentimos elogiadas e felizes quando os homens chamam nossa atenção. Cantadas são demonstrações de dominância e poder praticadas pelos homens. A insistência causa um certo medo em nós, mulheres, que somos quase sempre subjugadas e violentadas pelos homens. Esse é um dos inúmeros motivos pelo qual nos ensinam a ceder: medo.

Além disso, há ainda a culpabilização da vítima, que foi exatamente o que minha mãe fez. Ela tomou o lado de quem me assediou como se ele tivesse sido ofendido ou moralmente ferido por mim. Com frequência escuto: Também, bonita desse jeito!, Você vai sair com esse short? Não reclama depois!, Você devia deixar pra lá e ignorar. Ser bonita não é passe livre pra assédio, me visto como eu quiser e eu reclamo sim! E não! Eu não vou ignorar desrespeito. E mais! Ainda incentivo outras minas a fazerem o mesmo.

Então mulheres, assédio é muito mais do que desrespeito, é violência. Te desrespeitou? Mande a merda e siga seu caminho.

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